quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Memorial do Búfalo

"Se, por algum exercício de ficção, os portugueses de hoje acordassem no ambiente do início dos anos 60, sobretudo junto ao litoral e sobretudo nas zonas urbanas, sentir-se-iam bastante desconfortáveis e, por certo, com uma enorme estranheza em relação a tudo o que existia em redor. Era o seu país - mas irreconhecível" - afirmavam Maria João Valente Rosas e Paulo Chitas no livro "Portugal: os Números" distribuído com o jornal "Público" em 11 de Dezembro de 2010.
Aliás, se experimentassem entrar em algumas das muitas tabacarias ou livrarias que existiam poderiam encontrá-las inundadas de colecções de bolso da mais diversa temática e de revistas de banda desenhada o que denunciava uma excelente saúde da novela popular e da nona arte no país de então.
Memorial do Búfalo é um repositório de elementos ligados às novelas do Oeste publicadas nos anos 50 e 60 pela Agência Portuguesa de Revistas e pela Editorial Ibis. Acessoriamente, poderá integrar referências à banda desenhada do mesmo período.
A novela do oeste é um género literário da literatura popular, ambientado geralmente no século XIX nos Estados Unidos da América, durante o período de expansão desta nação para o far west (o «longínquo oeste»).
O xerife, os vaqueiros, o bandido, o pistoleiro, o granadeiro, os índios, os mexicanos, os militares sulistas ou nortistas, os pesquidores de ouro, os rancheiros, as garotas do Saloon são as suas personagens característicos.
Entre os locais privilegiados para a acção estão, sem dúvida, a cidade, o "saloon", a pradaria, o desfiladeiro, a aldeia índia...
O tema encontra raízes em múltiplos criadores do género como James Fenimore Cooper, autor de O último dos mohicanos (1826) e Washington Irving em seus Western Journals (1832), os escritores do Realismo estadounidense Francis Bret Harte e Mark Twain, o alemão Karl May e o verdadeiro iniciador do género, Owen Wister com sua novela O Virginiano (1902). Em Portugal, ganhou especial destaque um autor do século XX: Zane Grey tendo sido publicadas dezenas de obras pela APR entre os anos 50 e 70. Mas a grande influência proveio, como se verá, de autores espanhóis que utilizavam pseudónimos a sugerir uma pretensa nacionalidade americana os quais constituiam o suporte ao catálogo de uma editora mítica: a editorial Bruguera. Outras editoras espanholas forneceram o extenso catálogo disponível no nosso país.
O memorial usará poucas palavras, sendo essencialmente visual e multifacetando-se pela utilização de Tags.
Dada a falta de muitas obras na época, a palavra "Ajudem-nos" está presente desde o início, podendo traduzir-se no empréstimo de obras ou simplesmente no envio de digitalizações de capas e contracapas.
E, para começar, chega...

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